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O Futuro do Trabalho: A Inteligência Digital na Ergonomia

Princípio 1/3 para a Ergonomia 5.0


por Eduardo Ferro, 09/01/2024


No meu último post, explorei o conceito da Ergonomia 5.0 e introduzi os três princípios fundamentais que a sustentam, todos eles com base na visão da Indústria 5.0: Inteligência Digital, Resiliência e Sustentabilidade. Agora, vamos aprofundar nossa compreensão de cada um desses princípios, começando com a Inteligência Digital (ID).



A Inteligência Digital representa uma abordagem que incorpora o uso de tecnologias emergentes e disruptivas, incluindo a Inteligência Artificial (IA), em todos os aspectos de nossa vida, desde o ambiente de trabalho até as atividades cotidianas. Esse conceito foi originalmente criado pelo DQ Institute em 2016, uma organização associada ao Fórum Econômico Mundial. Eles definem a Inteligência Digital como "um conjunto de habilidades técnicas, cognitivas, metacognitivas e socioemocionais que permitem às pessoas enfrentar os desafios da vida digital e aproveitar as oportunidades que esse ambiente oferece".


O DQ Institute tem como missão levar a Inteligência Digital para todos, promovendo a hashtag #DQforALL, com a visão de capacitar cada indivíduo, organização e nação com a inteligência digital necessária para alcançar bem-estar, segurança e prosperidade na era digital. Seus padrões globais foram endossados por importantes organizações, como a IEEE Standards Association, a OCDE e o próprio Fórum Econômico Mundial em 2018. Esses padrões são monitorados pelo Coeficiente de ID (QD), uma medida análoga ao Coeficiente de Inteligência (QI), representando uma evolução das ideias das Inteligências Múltiplas.


A falta de familiaridade com as habilidades e competências digitais essenciais para a ID pode levar a um outro tipo de ID, que é a Ignorância Digital. Entenda essa ignorância como “a condição da pessoa que não tem conhecimento da existência ou da funcionalidade de algo: ignorância dos acontecimentos contemporâneos”, segundo o Dicionário Online de Português. Precisamos explorar e desenvolver as competências digitais fundamentais para garantir que todos estejam preparados para prosperar na era digital em constante evolução.


Apesar de seu potencial transformador, o conceito de Inteligência Digital ainda é pouco difundido no Brasil, e é por isso que eu fiz questão de relacionar ele com a Ergonomia e Fatores Humanos (EFH). Ao visitarmos os conceitos de Indústria 5.0, não é o conceito de ID que aparece junto a Resiliência e a Sustentabilidade, e sim o Design Centrado no Ser Humano. Eu substituí este último termo justamente por ser a EFH já centrada no ser humano, trazendo então a ID aos princípios da Ergonomia 5.0.


Partindo deste novo conceito na EFH, a relação entre ID na Ergonomia 5.0 é intrínseca, pois a Ergonomia 5.0 é centrada na otimização das interações entre humanos, tecnologia e ambiente de trabalho. Para tudo isso ficar mais claro ainda, listei algumas aplicações: 


  • Adaptação às Necessidades Humanas: Ao desenvolvermos a ID, podemos utilizar as tecnologias para tornar os ambientes de trabalho mais adaptáveis às necessidades humanas. Isso permite a personalização de ferramentas e sistemas para otimizar o desempenho humano e a satisfação no trabalho.

  • Capacitação e Treinamento: Ao desenvolvermos a ID, adquirimos habilidades técnicas e socioemocionais necessárias para enfrentar os desafios diários. Os fatores humanos estão ligados à capacidade de aprendizado e adaptação das pessoas, e ao considerarmos os aspectos cognitivos e emocionais dos trabalhadores, podemos tornar o treinamento e a capacitação mais alinhados com as capacidades humanas. Outros tópicos importantes que se relacionam a isso são alinhados a Captologia e a Hedonomia, conceitos estes que apresentarei em futuros artigos/posts.

  • Bem-Estar: A ID nos torna mais capazes de lidar com desafios e incertezas da era digital. Os fatores humanos desempenham um papel crucial no bem-estar dos indivíduos, que ao dominar as tecnologias, passam a lidar com mais positividade frente ao estresse e as pressões relacionadas ao trabalho digital.

  • Participação Ativa: A ID engloba a interação, a conectividade, o compartilhamento, e outras vantagens do mundo digital sem fronteiras. Isso pode incentivar a participação ativa de trabalhadores e profissionais da área de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), na concepção e melhoria dos ambientes de trabalho. As pessoas passam a contribuir de maneira significativa, tornando-as parceiras na busca por ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos. 

  • Prevenção de Riscos e Segurança: A conscientização e a educação em segurança digital são componentes essenciais da ID, visando proteger os indivíduos e suas informações pessoais. Precisamos aprender a lidar com isso. Essa abordagem se alinha com a minimização de riscos e nos permite alinharmos a ética tão necessária no ambiente de trabalho e nas políticas organizacionais.


Desenvolver a ID é uma maneira de garantirmos que a tecnologia seja usada de forma aprimorada, eficaz e segura para os seres humanos, alinhando-se com os princípios fundamentais da EFH.


Há muito o que se falar e estimular a consciência da ID entre nós. Mais a frente vou trazer mais assuntos relacionados a esta pegada digital, que se aplica a toda a nossa vida e a sociedade global.


Abraço a todos




 

Como citar este Artigo: SANTOS, E. F. (2024) O Futuro do Trabalho: A Inteligência Digital na Ergonomia. Blog do Professor Ferro [online].

 

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